Observação de aves no Butantan: contato com a natureza ajuda a saúde mental e física e promove o bem-estar pessoal
Museu Biológico do Instituto Butantan retoma em outubro a atividade #vempassarinhar, realizada na floresta do Parque da Ciência
Para quem vive em uma cidade grande, conviver com a natureza parece uma tarefa difícil, mas é imprescindível: diversos estudos mostram que o contato e a conexão com o meio ambiente são fundamentais para a saúde mental e física. Uma revisão publicada na revista científica Current Environmental Health Reports indica que a exposição a áreas verdes pode reduzir os níveis de depressão, inclusive em mulheres grávidas – as que vivem em áreas de vegetação têm de 18% a 23% menos probabilidade de relatar sintomas depressivos. O Instituto Butantan, que abriga o Parque da Ciência permite conciliar essas realidades: oferece ao público uma área verde de cerca de 80 hectares, que é lar de diversas espécies nativas de mamíferos, répteis, insetos e aves, bem no coração da cidade de São Paulo.
“As pessoas precisam urgentemente se reconectar com a natureza. É importante para a nossa sobrevivência no planeta, para a nossa saúde e para manter a biodiversidade. Ninguém consegue viver se não tiver um respiro puro no meio da floresta”, comenta a pesquisadora científica e diretora do Museu Biológico do Butantan, Erika Hingst-Zaher.
Tucano-de-bico-verde
De acordo com um monitoramento recente realizado por especialistas do Museu, na floresta do Butantan – composta por vegetação de Mata Atlântica – ocorrem mais de 150 espécies de aves, inclusive algumas ameaçadas de extinção, e diversas espécies migratórias.
A presença dessa fauna em meio à selva de pedra contribui para promover duas formas eficientes de se desligar da rotina corrida: as atividades de observação e fotografia da vida silvestre. Além de fomentar a conexão com a natureza, as ações contribuem para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade, inclusive científico. Plataformas e banco de dados de ciência cidadã, como Wikiaves, eBird e iNaturalist, são abertas a qualquer pessoa que queira contribuir com imagens e informações, ajudando a melhorar o entendimento dos cientistas sobre padrões de biogeografia, ecologia e aspectos relacionados à história natural dos seres vivos.
Para fomentar essa atividade, em 2014 o Butantan criou a iniciativa #vempassarinhar, voltada à observação de aves na floresta que rodeia o Instituto. A adesão do público foi tão positiva, que a ação acabou ganhando edições em outros estados.
Público durante o #vempassarinhar antes da pandemia
“A atividade foi ampliada para várias regiões do Brasil, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. Como fomos nós que criamos o nome #vempassarinhar, colocamos uma única restrição, que é dizer que é um passeio gratuito para a observação de aves”, diz Erika. Com a pandemia, os passeios do #vempassarinhar foram suspensos.
Conexão com a natureza no Parque da Ciência
Para celebrar os 10 anos do #vempassarinhar, a atividade será retomada no Dia das Crianças (12/10) no Parque da Ciência, a partir das 7h. “A ideia do #vempassarinhar é fazer uma caminhada na Trilha da Floresta, que tem 3 quilômetros. Depois do passeio, faremos um café da manhã coletivo no Horto Oswaldo Cruz e, nesse tempo, vamos trocar ideias com os participantes e elaborar uma lista das aves que vimos para a plataforma eBird de ciência cidadã”, explica Erika.
Sabiá-laranjeira
A atividade é guiada por um ornitólogo do Museu Biológico, que conta curiosidades relacionadas à biologia e outros aspectos da história natural das espécies, com o objetivo de despertar o interesse e a admiração pela biodiversidade.
Durante a caminhada, diversas espécies de aves poderão ser avistadas, com destaque para o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), que é o mais abundante e comum na floresta do Butantan. “Na minha opinião, o mais icônico é o pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) porque de longe chama muito a atenção das pessoas. Também destaco o pica-pau-da-banda-branca (Dryocopus lineatus), que nós sabemos direitinho onde ele ocorre no parque”, complementa a diretora do Museu Biológico.
Pica-pau-de-cabeça-amarela
Antes de entrar no mundo do “passarinhar”, vale seguir algumas dicas para se divertir e aprender ainda mais: visite sites como o portal WikiAves para conhecer espécies que vivem em sua cidade; pare, olhe, escute e identifique as aves que estão ao seu redor – no quintal, na rua, no parque; registre as aves que observou em suas experiências; equipe-se com binóculos, câmeras fotográficas e gravadores para enxergar e registrar detalhes; faça amigos nas redes sociais e divirta-se.
O #vempassarinhar acontecerá todo segundo sábado do mês e é destinado a pessoas de todas as idades, desde aquelas que tem a observação de aves como hobby até os que nunca tiveram essa experiência. Para mais informações sobre a atividade, consulte a programação de Dia das Crianças do Parque da Ciência.
Reportagem: Mateus Carvalho
Fotos: Matheus M. Santos